sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Arte

A arte é o lugar da transgressão, da fantasia proposital de realidades que não seriam se não fossem arte, ilusão, fabricação, transgressão. Eis o gosto pela desobediência, pelo acaso fortuito de palavras fluentes e cadentes, escolhas rápidas e demoradas, mais das últimas, que contrariam o comum e o de sempre sempre parado em repetições, repetições, re-petições. Arte, ar rarefeito que respiro aliviado, delírio consciente e variado, teto ausente de minha casa que me permite ver o céu, minha casa sem janelas ou portas, sem paredes e chão, invenção conveniente e pouco convincente de estabilidade e sanidade, devaneio voluntário, volátil, repetido em medidas sempre diferentes, ferentes, deferentes, em atraso e adiantamento simultâneo, paradoxo proposital e coerente, minha arte.

A arte é o lugar da transgressão, modelagem sutil de matérias primas várias, palavras, imaginações, pensamentos e intentos, intenção materializada em provocação, fardo oportuno multiplicado por quem a vê, videntes repentinos e improvisados, interessados ou não na arte, curiosidade que mata e desperta a razão, pensamento provocado pela transgressão, quebra da repetição, repetição, re-petição.

Apostos acumulados são minha confusão, vírgulas inúmeras e longos perídos, arte que escolhi fluente, de poucos pontos. Esses últimos, tenho-os poucos e, se pudesse, não os teria e faço o possível para evitá-los e viver sempre, fazer do tropeço passo oportuno, improvisado, diverso dos outros passados, quebra da repetição, da repetição, da re-petição.