segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Vaidade

Assombra-me o elogio, o louvor inoportuno
A ganância, o medo, desprezo do silêncio
Do escondimento, do anonimato
Espadas que matam o dom, o talento
O desejo de apenas falar do Eterno
No tempo que tenho, tão pouco
Ouço de todos os lados lisonjas
Que alcançam os pontos mais fracos
E ferem de morte o meu coração
Vejo-me cercado por todos os lados
Sequestrados os desejos mais caros
Que gostava de guardar no silêncio
E via os frutos aqui produzidos
Saciando corações conhecidos, familiares
E via a semente que morria por lá
E por lá cresciam novas árvores
E nasciam novos frutos de santidade
Fora de mim, e eu escondido rezava

Hoje assombra-me o elogio, o louvor
Inoportuno aceno da perdição, do fogo
Impuro que consome bons desejos e o sonho
De apenas servir o Senhor em tudo que faço
Escondem-se os frutos, aparecem vistosas
Enfeitadas por palavras de outros
Aquelas que digo e escrevo, perco de vista
O que tinha, o que tenho, o que faço
O que sou ofuscado pelos enfeites criados
Inventados por outros que me cobrem os olhos
Sufocam meu coração, minha alma, o desejo
De apenas servir o Senhor em tudo que faço
Aparece apenas o fruto da vaidade forjada
Por aqueles que veem a obra que faço
E roubam de mim o sentido, o motivo
De meu coração o consolo de ver que sirvo
Somente ao Senhor, mas cativa os olhos
Apenas a rasa razão dos que veem e ouvem
As palavras que digo, o serviço que faço
Não vejo mais o sorriso, o olhar agradecido
A Deus pelo conselho encontrado ali
Nas palavras ditadas por Ele ao meu coração

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