terça-feira, 26 de junho de 2012

Procura

Que cesse minha procura
É o desejo que brota em
Meu peito e pelos olhos
Escorre, vazio que enche
De ar o meu peito
O meu grito de dor
Em silêncio, gemido
Que não sei exprimir
Aflição contrária à razão
Medo escondido, desejo
Estranho que não entendo
Tenho-o sem o saber
Desejo que vejo só assim
Verdade que nasce
Ao fim da noite
A aurora é a dor
A agonia, o grito
A angústia, o lamento
Silenciado por faltarem
Palavras, por faltarem
Amigos, ouvidos, corações
Abertos sem preconceito
Sem medo da compaixão
Dor natural ao amor
Ao cristão, ao amigo
Íntimo ou não, ao irmão
A Deus, Dele a recebo
Sem mais, sem explicação
Sem receios ou medos
Sem exigência ou meio termo
Amor inteiro que faz
De mim outra vez inteiro
À luz ainda da aurora
Do instante primeiro
Do dia que ainda é
Somente anúncio, esperança
Fé verdadeira, verdade
Minha única luz

Conheci assim o valor
Maior do luto, da dor
E o pequeno mérito
Da alegria e do riso
E aprendi a preferir
Assim à vida a morte
A dor ao gozo, o pranto
A qualquer sorriso
A noite aparente
Faz-me pensar na noite
Permanente de um dia
Que não tardará
E vejo-me escuro
Escurecido por medos
Reforçados por luzes
Luzeiros artificiais
De gozos superficiais
Sombra vestida de luz
Sobra que não quero levar
Comigo ao final
Deixo-a aqui para trás
Vivo feliz sem sorrisos
Forçados, sem lágrimas
Fingidas ou escondidas
Liberto-me assim do medo
De ser frágil, da dor
Do desespero, vejo
Só uma luz, esperança
Simples e de pouco valor
Mas que vale bem mais
Que qualquer outro valor
Vale a morte, o calvário
O medo, o vazio, o grito
O abandono, o fel, o vinagre
O sangue vertido, a ofensa
Os amigos fugindo, a sede
A vida, minha vida inteira
Meus dias, meu choro e meu riso

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